sexta-feira, 28 de setembro de 2012

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BioBalde - O Balde Ecológico
Como produzir adubo orgânico em 4 semanas
Compostagem é um método muito utilizado para reaproveitamento de resíduos orgânicos, tendo como resultado do processo: adubo de qualidade. O processo é de decomposição aeróbica e de natureza biológica, dependente de condições como balanço de nutrientes, relação de carbono e nitrogênio, umidade, temperatura, oxigênio e  pH  do  meio,  entre outros fatores, além de ser deveras trabalhoso e demorado. Em média, conseguimos um bom composto depois de várias reviradas na pilha, alguns litros de água e de 90 dias de espera.

Podemos diminuir muito o trabalho e o tempo para obtermos um adubo de qualidade, utilizando os restos da cozinha, através de uma técnica que foi criada no Japão e que é muito utilizada por lá e também nos EUA e da Europa: o Biobalde ou Ecobaldinho.

Produto comercial, vendido nos EUA.
Imagem retirada do site teraganix.com

Basicamente o processo se constitui em fermentar os restos da cozinha, dentro de um balde com tampa, com ajuda de bokashi. Depois de 15 dias de fermentação, temos um adubo de ótima qualidade, inoculado com microrganismos, e que pode ser usado imediatamente.

1 - Sobre a fermentação
Fermentação é um processo que pode ser usado para tratamento de resíduos orgânicos, que usa microrganismos, resultado de decomposição anaeróbica, que resulta em adubo orgânico de qualidade. É semelhante ao processo de fazer conserva (picles) – uma cebola em conserva, por exemplo, ainda se parece com uma cebola, embora dentro dela tenha mudado completamente.

As vantagens da fermentação para produção de adubo orgânico são muitas, dentre elas podemos citar a liberação mínima de gases que provocam o efeito estufa, um produto final mais “nutritivo” e menor tempo gasto e trabalho até o fim do processo.

Baseado em documento do site www.em-la.com


No quadro abaixo vemos um comparativo geral entre a decomposição aeróbica ou oxidativa, que ocorre na compostagem, e a decomposição anaeróbica ou fermentativa, que ocorre no BioBalde:


2 – Benefícios do uso do BioBalde
O uso do BioBalde nos traz os seguintes benefícios:
  • O processo de fermentação dos resíduos orgânicos, utilizando-se o BioBalde, é 100% natural. É seguro para os seres humanos, animais e para o meio ambiente;
  • Ajuda a reduzir a emissão de gazes que provoca o efeito estufa, com metano, e de gazes que provocam o mau cheiro, como o gás sulfídrico;
  • Diminui a quantidade de lixo produzido em casa;
  • Restauração do equilíbrio natural do solo, com a inoculação de microrganismos benéficos;
  • Moscas e outros insetos e pragas não são atraídos pelo mau cheiro;
  • Solos tratados com resíduos fermentados tendem a liberar mais os nutrientes, o que resultam em plantas mais saudáveis, maiores e com menos necessidade de fertilização;
  • O valor nutricional orgânico e biológico dos resíduos fermentando é superior aos dos resíduos compostados;
  • Todos os nutrientes estão biodisponíveis para absorção mais rapidamente do que os resíduos compostados;

3 – Montagem do BioBalde
Material:
  • 1 balde de 10 ou 20 litros com tampa, que permita ser fechado hermeticamente. Pode ser baldes que já foram usados para armazenarem produtos alimentícios (banha, margarina, sorvete, dentre outros). NÃO use baldes que já foram usados para armazenarem produtos químicos;
  • 1 torneira, dessas usadas em bebedouros/filtros de água;
  • 1 peça de acrílico (opcional), que se encaixe perfeitamente dentro do fundo do balde.

Montagem:
  1. Fure o balde na lateral inferior, próximo a base, e introduza a torneira;
  2. Faça vários furos na peça de acrílico e coloque alguns “pezinhos” nela. Depois, posicione a peça de acrílico no fundo do balde. Essa peça será o fundo falso do balde que permitirá que o chorume, proveniente dos resíduos fermentados, escorra pelos furos e fique armazenado no fundo do balde, facilitando sua drenagem, além de impedir o entupimento da torneira pelos resíduos a fermentar.


Pode-se substituir a peça de acrílico por CAC, ou por carvão quebrado em pedaços pequenos, ou brita, etc. Neste caso, deve-se usar material suficiente para cobrir o cano da torneira e depois, cobrir esse material com um filó, evitando que o chorume entre em contato com os resíduos fermentados. Outra opção é utilizar dois baldes do mesmo tamanho, um encaixado dentro do outro, sendo que a torneira é colocada no balde que ficará por fora e os furos de drenagem são feitos no fundo do balde que ficará por dentro.

4 – O agente inoculante
O bokashi será o agente responsável pela inoculação dos resíduos com microorganismos benéficos e que darão início ao processo de fermentação.

Você pode usar a fórmula do bokashi caseiro ou, melhor ainda, usar o BOCAC, que é o nome que dei a mistura de bokashi com CAC. Essa mistura potencializa os poderes do bokashi, otimizando o controle de odores, dentre outros benefícios.

Para preparar o BOCAC, basta seguir a fórmula do bokashi caseiro, substituindo a casca de arroz da fórmula original por CAC.

Especialmente para o preparo deste BOCAC usei o EM-1, amostra comercial de EM, que ganhei de um representante do produto no Brasil (www.em-la.com).

Outras possibilidades de uso do BOCAC podem ser vistas no post Bokashi + CAC = BOCAC no blogmicrofundiourbano.blogspot.com.

5 – O que pode ser fermentado
Praticamente, qualquer resíduo orgânico pode ser fermentado no BioBalde:
  • frutas e vegetais crus ou cozidos;
  • flores e plantas murchas;
  • alimentos preparada (cozidos, assados);
  • carnes e peixes cruas ou cozidas/assados;
  • queijos, ovos e casca de ovos;
  • pães e massas em geral;
  • ossos (desde que triturados em pequenos pedaços);
  • pó de café, grão de café torrado e saquinhos de chá;
  • lenços de papel e papel toalha.
Os resíduos que não devem ser colocados para fermentar são:
  • fezes de cães e gatos;
  • líquidos em geral;
  • sementes viáveis;
  • resíduos putrefatos/estragados/mofados;
  • alimentos muito gordurosos;
  • papel, papelão e plástico.
Os resíduos de tamanhos maiores devem ser bem picados, assim reduzimos os espaços internos do BioBalde e ajudarmos no processo anaeróbico de fermentação.

6 – Como usar o BioBalde
  1. Espalhar de duas a quatro colheres de sopa, bem cheias, de BOCAC sobre o fundo de acrílico;
  2. Recolher os resíduos orgânicos da cozinha em um recipiente e, no fim da tarde ou pela noite, coloque-os no BioBalde, sobre o BOCAC;
  3. Comprimir levemente os resíduos, de modo a compactá-los;
  4. Espalhar mais uma camada, de duas a quatro colheres de sopa bem cheias, de BOCAC sobre os resíduos orgânicos;
  5. Tampar o BioBalde hermeticamente e guardar em um local com temperatura constante e ao abrigo da luz;
  6. Repetir o processo, de 1 até 5, uma vez por dia, sempre intercalando uma camada de resíduos e uma de BOCAC, até que o BioBalde esteja cheio;
  7. A última camada de BOCAC, a ser colocada quando o BioBalde estiver cheio, deve ser mais generosa: de quatro a seis colheres de sopa bem cheias;
  8. No segundo dia, após o BioBalde estar cheio e vedado, drenar o chorume pela torneira. Repetir o processo de drenagem de dois em dois dias;
  9. Depois de cheio, deixar os resíduos fermentarem no BioBalde por 15 dias.



7 – O chorume
A quantidade e a cor do chorume que será drenado do BioBalde dependerá dos tipos de resíduos orgânicos que serão colocados para fermentar. Legumes e frutas tendem a liberar mais chorume que outros resíduos. Não se preocupe se pouco ou quase nada de chorume foi produzido. Já a cor, pode variar de levemente amarelo até o vermelho intenso.

O chorume pode ser usado:
  • Como fertilizante liquido para as plantas: Em vasos e floreiras, diluir 1 colher de sopa de chorume em 2 ou 3 litros água declorada. Para arbustos e árvores, diluir 2 colheres de sopa de chorume em 2 ou 3 litros de água. Regar o solo com essa mistura;
  • Para limpeza de tubos e encanamentos: Despejar o chorume, sem diluição, nas pias, ralos, privadas e esgotos, pois este é um ótimo produto para limpar tubos e encanamentos.
O chorume deve ser usado dentro de, no máximo, 24 horas depois de drenado do BioBalde.

8 – Uso do resíduo fermentado 
Após a fermentação no BioBalde, os resíduos podem ser usados da seguinte maneira:
  • Vasos/floreiras: adicionar 1/3 de substrato no fundo do vaso/floreira, depois 1/3 de resíduos fermentados e, por fim, mais 1/3 de substrato. Aguardar 7 dias antes de plantar/transplantar algo;
  • Na horta: enterrar os resíduos fermentados a 25 cm de profundidade e a uma distância de 30 cm das plantas;
  • No jardim: cavar uma trincheira/buraco de aproximadamente 25 cm de profundidade. Adicionar os resíduos fermentados na trincheira/buraco e misturar com um pouco de terra. Cobrir com a terra restante. Aguardar 7 dias e plante sobre ou ao lado da trincheira/buraco;
  • Árvores e arbusto: cavar buracos de 25 a 30 cm de profundidade, em intervalos de 60 cm, ao redor da linha da copa da árvore/arbusto. Adicionar os resíduos ao buraco como nas instruções anteriores;
  • Produzir "super-solo": cavar um buraco de 50x50x50 cm. Adicionar uma camada de 10 cm de resíduos fermentados e sobre esta uma camada de 10 cm de terra. Alternar as camadas até completar o buraco, sendo a última camada de terra. Aguardar 45 dias e retirar todo o conteúdo do buraco e usar esse "super-solo" como condicionador de solo;
  • No minhocário: adicionar os resíduos fermentados ao minhocário e cobrir levemente;
  • Na alimentação de animais: os resíduos fermentados são excelentes para alimentar galinhas, cabras e porcos;
  • Como inoculante ou acelerador de compostagem: misturar os resíduos fermentados a pilha de compostagem, quando esta estiver na 4ª semana de compostagem.
Resíduos orgânicos já fermentados, dispostos dentro de uma trincheira, ao lado de um pé de mandioca.

9 – Problemas que podem ocorrer
Se notar um forte cheiro de ranço/podre ou formação de fungos filamentosos verdes, pretos ou azuis, a causa pode ser:
  • não foi adicionado BOCAC suficiente para a quantidade de resíduos orgânicos a fermentar;
  • a tampa não foi fechada hermeticamente;
  • o chorume não foi drenado durante o período recomendado;
  • o BioBalde ficou exposto prolongadamente à luz direta ou a temperaturas extremas;
  • use de bokashi ou BOCAC de má qualidade;
  • resíduos orgânicos estragados ou podres foram adicionados ao BioBalde.
Nesses casos, recomenda-se:
  1. Cavar um buraco de 30-35 cm de profundidade, longe das plantas;
  2. Adicionar, ao fundo do buraco, duas mãos bem cheias de BOCAC;
  3. Adicionar o resíduo do BioBalde e misturar com um pouco de terra;
  4. Espalhar mais duas mãos cheias de BOCAC sobre os resíduos;
  5. Cobrir o buraco com a terra restante;
  6. Aguardar 2 meses e plantar sobre ou ao redor do buraco.

10 - Dicas
  • os resíduos fermentados têm aparência diferente de resíduos compostados. Como eles não se decompõem, enquanto estiverem fermentando dentro do BioBalde, a maioria de suas propriedades físicas originais se manterão, tendo uma aparência de conserva. A decomposição total dos resíduos fermentados ocorrerá poucas semanas depois deste ser transferido para o solo;
  • o odor do produto final deve lembrar o do vinagre (acético) ou levemente agridoce;
  • se for fermentar carnes, queijos, peixes e ovos – materiais ricos em proteína em geral – use de 4 a 6 colheres de sopa, bem cheias, de BOCAC;
  • se a tampa do BioBalde não estiver vedando corretamente, o processo não ocorrerá a contento, já que o mesmo é anaeróbico (sem oxigênio);
  • evite abrir o BioBalde mais de uma vez ao dia;
  • para o BioBalde de 10 litros, acrescentar, no máximo, 1,5 litros de resíduos orgânicos, e para o de 20 litros, no máximo, 3 litros;
  • certifique-se que as raízes das árvores não entrem em contato direto com os resíduos fermentados ao enterrá-los;
  • é comum, mas não necessário, o surgimento de fungos filamentosos brancos, que lembram algodão, sobre os resíduos fermentados, após o período de 15 dias;
  • não use o chorume como adubo foliar, pois este é muito ácido e pode queimar as folhas das plantas;
  • após usar o BioBalde, lave-o apenas com água e uma escova;
  • é bom ter, pelo menos, dois BioBalde, assim pode-se continuar o processo de recolher os resíduos orgânicos em um BioBalde, enquanto o outro BioBalde está fermentando;
  • se tiver cães em casa, evite o acesso destes ao local onde foi enterrado os resíduos fermentados;
  • podemos usar baldes de maior capacidade ou até tambores para fermentar um volume maior de resíduos orgânicos;
  • o resíduos podem ser mantidos fermentando, dentro do BioBalde hermeticamente fechado, por até 1 anos antes de serem usados.

Todos os elementos do BioBalde: balde de 10 lts com torneira, coletor de resíduos
orgânicos com capacidade de 1,5 lts, BOCAC e o fundo falso de acrílico.
11 - Fontes
  • EM: Effectieve microben of effectieve magie? Een onderzoek naar de effectiviteit van Effectieve Micro-organismen (EM) - Maart 2008 - Rapport 245;
  • A Control Experiment Buried Fermented and Buried Non-Fermented Food Waste Soil Interactions - Lawrence R. Green MD PhD - August 2009;
  • Agricultura Natural - Manual de Horta Caseira – Centro de Pesquisa Mokiti Okada – 2ª edição - 2008;
  • Experiências do autor.

Casca de Arroz Carbonizada

Ótimo material orgânico para substrato e um excelente condicionador de solo 

1 - Sobre a casca de arroz e sua carbonização
 
A casca de arroz (também conhecida como palha de arroz) é composta de 20% de matéria inorgânica e 80% de matéria orgânica. Da fração orgânica temos: 50% de celulose, 26% de lignina e 4% de outros componentes como óleos e proteínas. A alta concentração de lignina e celulose impede o processo de decomposição da casca de arroz e reduz a biodisponibilidade dos outros compostos da casca de arroz. A decomposição orgânica da casca de arroz só é possível em meio aeróbico na presença de certos fungos específicos. Sobre condições anaeróbicas, como na compostagem, a casca de arroz não irá se decompor.
 

O processo de carbonização da casca de arroz foi identificado como método ideal para contornar o problema de excesso de lignina e celulose. A casca de arroz carbonizada (CAC) é resultante da combustão incompleta da casca de arroz sobre alta temperatura e condições de baixo oxigênio (pirólise). A pirólise causa a decomposição da lignina e da celulose liberando resíduos de carbono, sílica e outros minerais.
 




2 - Por que usar CAC?
 
CAC é excelente para dar permeabilidade e porosidade ao substrato, ao mesto tempo que contribui com residual de matéria orgânica e inorgânica. 


Alem disso a CAC é um material extraordinário para ser usado no próprio solo de cultivo como condicionador do mesmo. O leito fica mais poroso permitindo melhor aeração das raízes. A cinza contida na CAC contribui com nutrientes como a sílica para cultura, além de potássio, cálcio, magnésio e outros micronutrientes. A CAC ainda melhora a retenção de água, contribui para uma leve elevação do pH e também melhora a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo.
 

CAC é muito usado para fazer bokashi já que a é um meio natural de proliferação de microorganismos benéficos, podendo ser usado inclusive como meio inoculante de EM ou bactérias fixadoras de nitrogênio.

Outras utilidades para CAC são:
- purificação de água, já que a CAC é rica em carbono fixado (ativado) e este tem a capacidade de filtrar a água;
- controle de pragas, por ser rica em silica é um bom repelente de lesmas e caracóis;
- supressor de odores para cama animal, etc...

Sempre tentei carbonizar casca de arroz para usar como substrato no meu berçário e como condicionador de solo nos meus cultivos, pois alem das vantagens acima o saco de casca de arroz aqui na minha cidade sai por R$ 0,20. 


Das várias tentativas que fiz nunca tive sucesso total, pois na maioria das vezes o fogo apagava, por falta de oxigênio, e tinha que acender de novo... e de novo... e de novo!
 

Encontrei na internet uma técnica usa nas Filipinas e na Tailândia que utiliza pouca madeira para queima e otimiza a utilização da energia gerada. É esse método que passo a descrever.
 

3 - Materiais necessários para construção do carbonizador

- Uma lata de 3,5 lts de tinta usada (ou outra qualquer de 2 a 4 litros); 
- Um abridor de latas;
 
- Um prego 17 X 21 e martelo ou furadeira elétrica com broca de +ou- 3,5 mm polegadas;
 
- Um cano de 15 cm de diâmetros e aproximadamente 1,20 mts de comprimento (usei um cano de antena parabólica que encontrei no ferro velho) que será usado como chaminé.

4 - Procedimentos 
1 – Usando o abridor de latas, retire a borda da lata onde a tampa se apóia;
 
2 – Faça um furo no fundo da lata do diâmetro interno do cano da chaminé;
 
3 – Utilizando o prego, ou a furadeira, faça centenas de furos na lateral da lata, deixando de 1 a 2 cm de distancia entre eles. Quanto mais furos, mais rápida será a carbonização.
 


Carbonizador
5 - Material necessário para carbonizar a casca de arroz 
- Palha, madeira, estopa e outros materiais para queimar;
 
- Querosene e fósforo;
 
- De 1 a 3 sacos de casca de arroz;
 
- Uma pá;
 
- Carbonizador construido acima;
 

6 - Procedimento
 
1) Encher o carbonizador com o material a ser queimado (madeira, palha, etc...);
 
2) Embeba a estopa em um pouco de querosene, coloque fogo na estopa e coloque o carbonizador sobre ela;
 
3) Coloque a chaminé sobre o carbonizador;

4) Despeje o saco de casca de arroz sobre o carbonizador. É muito importante que toda o carbonizador seja coberta pela palha, não deixando nenhuma fresta. 
5) Após uns 20 minutos a casca começa a ficar preta, indicando que a carbonização está ocorrendo perfeitamente.
 

Com o tempo, a casca queimada começa a perder densidade e o monte de casca começa a se desfazer, deixando o carbonizador exposto. Nessa hora joga-se, com ajuda da pá, a casca da base do monte sobre o carbonizado para cobri-lo totalmente novamente. Se o carbonizador não estiver
totalmente coberto com a casca de arroz você terá somente cinza.



Carbonizador + chaminé já fumegando (A)Carbonizador + casca de arroz (B)


Carbonizador fumegando e casca de arroz já iniciando a carbonização (C)
No fim do processo, casca de arroz já toda carbonizada (D)

Quando toda a casca estiver carbonizada, remova com a pá o material carbonizado do carbonizador e espalhe em uma fina cada para que esfrie. Depois de fria, a CAC pode ser usada ou estocada.


CAC espalhada para esfriar

7 - Dicas:
- CAC pode participar com até 33% do volume total do substrato final;
- Se tiver arvores ou pomar em casa, carbonize a casca de arroz no meio do pomar ou debaixo de uma arvore para aproveitar a fumaça gerada como fonte de CO2 para as árvores;
- A quantidade de casca de arroz que se transforma em cinza é rica em sílica, por isso use uma mascara para manipular a CAC para evitar problemas pulmonares;
- Muito cuidado com a chaminé e o carbonizador, durante e depois do processo, pois eles ficam muito quentes e pode provocar queimaduras ao mais simples contato;
- Esse carbonizador é suficiente para carbonizar de 1 a 3 sacos de casca de arroz de uma vez só. Para carbonizar de 4 a 30 sacos, use uma lata de 18 lts e uma chaminé de 1,80 a 2 mts de altura. O esquema para construção do carbonizador de 18 lts é o mesmo do de 3,5 lts;
- O mesmo processo usado para casca de arroz pode ser usado para carbonizar outros materiais como sabugo de milho, bagaço de cana, etc... 


8 - Fontes:
- Application Of Rice Husk Charcoal, Practical Technologies No 2001-4 da Food and Fertilizer Technology Center (FFTC); 
- Carbonized Rice Hull, Rice Technology Bulletin no. 47 2005;
 
- Como fazer e esterilizar substratos orgânicos. Milton Maciel, Editora Solo Vivo.
Como produzir seu próprio bokashi em casa



Existem muitas receitas diferentes de Bokashi em livros sobre agricultura orgânica/natural e na Internet, essa é só mais uma, com o diferencial de ser bem simples e com possibilidade de ser feita em qualquer casa ou apartamento. Divirtam-se!

1 - Um pouco de história

1.1 - O significado da palavra
A palavra bokashi, de origem japonesa, significa borrar, diluir. Como em uma maquiagem borrada. Posteriormente foi usada no sentido de diluir material orgânico com farelos fermentados, com o solo, para não serem usados puros e assim não causarem danos à cultura. Porém podendo ser usados diretamente na adubação de cobertura.

1.2 - A história da técnica
A técnica de misturar farelos fermentados com matéria orgânica e solo tem origem que remonta ao final do séc. 19 (+ de 100 anos), com o objetivo de multiplicar os microorganismos benéficos em um substrato para ser utilizado como acelerador de compostagem ou para obter uma melhor sanidade de mudas. Com o advento da agricultura química foi dada menor importância ao bokashi. Já no início dos anos 80, quando se começou a questionar com maior ênfase as contradições da agricultura convencional, as publicações direcionadas para os produtores resgataram e divulgaram largamente os benefícios do esquecido bokashi na agricultura.

2 - Métodos de preparo do bokashi

Existem dois métodos de preparo de bokashi, o conhecido pelo mesmo nome que é de fermentação aeróbica e o kenki bokashi, que é o de fermentação anaeróbica. As duas variações de bokashi tem a mesma finalidade: estimular, diversificando, aumentando e recuperando a atividade biológica do solo, resultando em melhoria das condições físicas (porosidade: maior capacidade de reter água), biológicas (melhor equilíbrio biológico e menor infestação de doenças) e químicas (menor perda e maior disponibilidade de nutrientes) do solo.

A fórmula de KENKI BOKASHI é ideal para ser feita em casa, pois não necessita ser revirada constantemente (menos mão-de-obra e espaço), ao contrario do BOKASHI que necessita ser revirado algumas vezes.

Outro detalhe da formula do bokashi e do kenki bokashi é que existem varias possibilidades de misturas. Recomenda-se que se use o que for mais fácil de encontrar e mais barato nas redondezas de onde se vai produzir-los. No caso do kenki bokashi só existe uma regra básica para a mistura: no máximo 65% de farelo (de arroz, por exemplo) e até 30 % de torta (mamona, soja, amendoim, etc.), o restante deverá ser enriquecido com farinha de osso, carne ou sangue, palha de arroz, cinza de madeira, etc.

ATENÇÃO: Por ser um produto que contém microorganismos vivos, não se recomenda a utilização de água tratada com cloro na produção do bokashi e na irrigação de plantas que o recebem. Caso essa seja a única opção, aconselha-se que a água permaneça em um recipiente de boca larga (ex.: balde ou bacia) por 24 horas até o cloro evaporar ou usar um declorardor comercial.

3 - Materiais:

- 1 balde de 10 litros com tampa ou um recipiente equivalente que possa ser bem tampado;
- 1 saco plástico resistente (ex.: saco de lixo preto de 30 litros).

4 - Matérias primas:

- 4,5 kg de farelo de arroz (ou trigo, soja, etc... ou ainda um mix destes)
- 1 kg de torta de mamona
- 0,6 kg de farinha de osso
- 0,5 kg de cinza de madeira
- 0,5 kg de palha de arroz ou casca de café
- 1 lt de solução EM-4 ativado (900 ml de água de nascente/mina, 50 ml de EM-4 e 50 g de açúcar)

5 - Procedimentos:

1 - Misture bem os ingredientes secos (farelo, torta, farinha, cinza e palha);
2 - Acrescente a solução de EM-4 aos ingredientes de modo homogêneo para que a umidade em toda mistura seja uniforme, essencial para que haja uma boa fermentação. Este preparado deve ter um teor de umidade que, ao formar um bolinho da mistura na mão e aperta-lo entre os dedos, sua consistência se mantenha mesmo depois de aberta a mão;
3 - Coloque um saco plástico sem nenhum furo dentro do balde de 10 lts;
4 - Despeje a mistura preparada dentro do balde forrado e compacte o mais que puder;
5 – A umidade geralmente se acumula na superfície da embalagem, prejudicando também o processo de fermentação. Para evitar esse problema, preencha o espaço entre o saco plástico e a boca do balde com uma camada de 3 cm de farelo de arrozseco bem compactado;
6 - Feche o saco plástico de modo que não entre ar na mistura e tampe o balde;

ATENÇÃO: São nesses dois passos acima (4 e 5) que mora o segredo do Kenki Bokashi: A temperatura da fermentação anaeróbica não ira passar dos 50ºC. Para que ela ocorra perfeitamente não deve sobrar nenhum espaço com ar dentro do saco/balde. Qualquer abertura que possibilite a entrada de ar resultará em má fermentação da mistura e elevação da temperatura que poderá passar dos 50ºC prejudicando a qualidade do produto final que desejamos;

7 - Acondicione o balde em um local fresco e seco por um período de 15 a 20 dias;

8 - Após esse prazo, abra o balde e o saco plástico, retire a camada de farelo acrescentado no passo 5 e se exalar:
a) um cheiro agridoce agradável de fermentação láctica, a fermentação ocorreu com sucesso e o produto pode ser usado imediatamente.
b) um cheiro fétido e nada agradável, provavelmente você não compactou direito a mistura ou deixou entrar ar durante a fermentação. Nesse caso a mistura deve ser descartada.
Se houver também bolores brancos sobre a mistura, tudo bem. Se os bolores forem verdes ou pretos, descarte a mistura.


balde aberto após a fermentação


9 - O Kenki Bokashi deve ser usado o mais breve possível, ou espalhado sobre uma superfície protegida e deixa-lo secar a sombra, para que não entre em processo de fermentação aeróbica com elevação de temperatura. Durante a secagem do kenki bokashi haverá a multiplicação de fungos filamentosos, o que o deixa bem parecido com o seu irmão bokashi de fermentação aeróbica.

kenki bokashi secando a sombra

6 - Recomendações
 (válidas tanto para o bokashi como para o kenki bokashi.)

- o uso em excesso de bokashi poderá criar desequilíbrio químico e nutricional, liberando os aminoácidos na seiva das plantas e favorecendo o ataque de pragas e doenças;
- o bokashi deve ser usado em solo com disponibilidade de matéria orgânica, caso contrário ira ocasionar o endurecimento deste solo;
- nunca use o bokashi diretamente sobre a planta;
- para uma maior eficiênica a área aplicada deve ser protegida com cobertura morta;
- devem ser armazenados por, no máximo, 6 meses.

7 - Como usar

1 – substratos e mudas, de 1~3% do total de material;
2 – para berços de hortaliças, de 30g~50g por metro quadrado de canteiro;
3 – para berços de perenes, de 100g~200g por berço;
4 – em plantas perenes já implantadas, em 3 vezes de 0,5 kg cada sendo na pós-colheita, antes ou depois (nunca durante) a floração e durante a formação dos frutos espalhando-o sobre a matéria orgânica depositada ou em 2 ou 3 berços,de no máximo 10 cm de profundidade, por cada 5 metros quadrados, na projeção da copa;
5 – na preparação de campos e canteiros utilizar 50~100g por metro quadrado ou 500kg a 1 tonelada/ha, sendo incorporado à terra na profundidade máxima de 10 cm;
6 – em vasos, 1 colher de café rasa por mês, que deve ser colocada em uma das bordas do vaso, longe da planta. No próximo mês coloque-o na borda oposta, no mês seguinte comece a fazer uma cruz e assim por diante até o limite de 4 colheres para vasos pequenos, 6 para médios e 8 para grandes. Não use bokashi enquanto a planta estiver florida.
Em todos os casos de preparo de solo/berços, após a aplicação/incorporação do kenki bokashi no solo/berço, regue o solo/berço levemente, se possível com EM-4 diluído na água a 1:1000 e deixe o solo/berço fermentar por 10 dias antes de utiliza-lo.

8 - Dicas:

1 - Ao abrir o saco que está dentro do balde (passo 8 dos procedimentos), existirá uma pequena camada da mistura que não estará úmida. Essa camada deve ser misturada ao kenki bokashi antes de coloca-lo para secar;
2 - O kenki bokashi pode ser colocado também em composteiras e minhocários para melhorar a qualidade do produto final na proporção de 50g por metro quadrado de composto/humus.
3 – Algumas fórmulas de kenki bokashi acrescentam porções de lactobacilos adquiridos em farmácias de manipulação;

4 - Para fazer maiores quantidades basta aumentar o tamanho do balde e multiplicar os ingredientes

9 - Fonte:

- Microrganismos Eficazes EM na Agricultura – CPMO – 1998;
- Adubação Orgânica, Preparo de Composto e Biofertilizante – Penteado, Silvio Roberto, 2ª Ed. Agrorganica, Fev/2006;
- Apostila do Curso Horta Orgânica – Tecnologias Avançadas – FMO – 2003;
- Apostila do Curso de Capacitação em Agricultura Orgânica – SAA-SP – 2004

http://mungoverde.blogspot.com.br/search/label/Bokashi
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